sábado, 27 de junho de 2009

Um palco vazio

Dói deixar para trás, ter de abrir mão de algo que já foi nosso. Dói. Machuca ter de olhar o pôr de sol e perceber: puxa, com o dia você se foi. As lembranças passam a assolar nossa mente, incisivamente. E com o vento meu cabelo fica solto no ar, minhas lágrimas ganham o poder de voar, e cair, e por fim no chão são absorvidas e banidas de novamente encontrar a luz. Corrói ter de ver aquilo que você amou, ou ao menos se importou ter de ir para qualquer lugar que meus olhos já não podem alcançar com facilidade. E o nosso coração bate apertado, bate sobre a barreira da distância. O mundo, algo tão distante, rouba o que é meu, e o que é seu também, corta linhas traçadas, trazem suspiros encharcados de um sentimento vazio, solitário. E nas entrelinhas desta história sempre está alguém, que sorriu, que amou e que agora apenas é. Na coxia sempre fica o músico, o ator, a bailarina, esperando pela sua chance de conquistar tantos olhares, aplausos, sorrisos. Após o espetáculo, cadeiras vazias, sapatilhas desamarradas, pianos desafinados, máscaras solitárias, silêncio, apagam-se as luzes. E a doce dançarina solta seus cabelos, que ficam soltos no vento, sem rumo. Ela que já gozou de tantos aplausos agora tem de contentar-se com o espetáculo de lágrimas sendo absorvidas. O músico, tem de apreciar a harmônica melodia do silêncio, sim, ele que já teve tudo, agora sente a dor de não poder ouvir nada. E o ator, bem, o ator pode meter-se em um personagem qualquer, e ter o gosto de ser solitário por conseqüência de seu nobre papel, mas ainda sim sente os calafrios do nada batendo a sua porta todos os dias.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Por Trás de Um Personagem

Sempre atrás de cada risada, escondo um grande segredo. Sempre atrás de cada sorriso, escondo uma parte de mim. Sempre atrás de cada olhar, escondo um sentimento. Seja dor, seja sofrimento. Agonia, ou quiçá felicidade. Raramente algo sincero, que faz-me despertar desse personagem.
Personagem que criei com tanto desprezo, porém ao mesmo tempo, com a sagacidade de quem sabe se envolver. Envolver no enredo dessa história fictícia.

Todos, tão ingênuos, acreditam no olhar da pobre criança desamparada, que sorri para o nada e acha graça de tudo. Não veem que por ali correm lágrimas de sangue, faz-me sangrar o coração, escondido em uma superfície escura, inteirando o negrume da noite de meu ser.

Sempre atrás de cada palavra, há uma história a ser contada.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Convicções inusitadas

E pela primeira vez me olhei no espelho e não gostei do que vi. Não apresentei argumentos plausíveis ao meu cérebro, e sinapses favoráveis a um sentimento de orgulho não se concretizaram. Olhei ao redor e perguntei para mim mesma: Quem sou eu? Uma pessoa totalmente influenciada pelo meio, foi a resposta que obtive. Desde quando meu inconsciente passou a ser tão honesto? A dor da decepção é forte, mas a decepção consigo mesmo machuca mais ainda. Nós afirmamos e defendemos tão veementemente nossas convicções durante toda a vida para de repente nos depararmos com uma realidade distante da idealizada. Uma realidade dúbia, uma realidade totalmente viciada em nossos mais sutis interesses. E como é perturbante perceber que construímos mentiras sobre mentiras, enquanto pregamos a verdade. O ato insano de viver nos prega peças constantemente, que nos fazem tropeçar, cair, imaginar, sonhar, e como conseqüência, nos decepcionar. E depois choramos o leite que já foi derramado muito antes de nele escorregarmos. Mas o tempo sempre amortece, nos fazendo esquecer o que foi danificado . Tantos erros dignos de glória, tantos acertos dignos de desprezo. Tudo tão simples, complicado, tudo simplesmente inusitado.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Infinito de Duas Palavras

Decepcionastes, assim como eu decepcionei. Me enganastes, assim como te enganei. Mentistes, assim como eu própria, menti. Me decepcionastes, não porque fizera algo errado, mas simplesmente porque eu errei. Eu, como sempre, acreditei no que tu disseste. Esperei que fosse aquele, que minha imaginação queria que fosse. Esperei que fosse aquele, que meu coração queria que fosse. E como sempre, mais uma vez, me decepcionei, com alguém que nem ao menos teve culpa, alguma.Sempre crio certa expectativa, de algo que não existe. Sempre me decepciono, e nem ao menos posso culpar alguém, a não ser a mim mesma, por ser tão ingênua, e crer em todos. Sempre acredito, no que não deveria, sempre falo sem pensar, sempre durmo sem querer, sempre sonho sem nem ao menos ter a capacidade de imaginar. Sempre estou perdida num infinito que consiste duas palavras: Sempre...e é claro, o Nunca.O Nunca, assim, como o Sempre, é meu parceiro de longa data. Está, todos os dias me acompanhando, onde quer que eu vá. Me entrega. Me nega. Ele apenas não permite.Infelizmente, ele não nega a decepção que já senti. O Sempre, não afirma a decepção que farei os outros sentirem.Eu ainda irei mudar. O Nunca, vai ter que me deixar, ao menos uma vez.

Daltonismo social

O que eu realmente quero? O que eu quero é correr rumo ao mar sem direção, porque sei que ele não tem fim. O que eu quero é dar grandes saltos, sem depois levar grandes tombos decorrentes de enormes quedas. O que eu quero é poder ver as cores brilhantes da primavera sem que o daltonismo social afete meu ser e entristeça meu dia. Eu quero alcançar verdades nunca antes descobertas, e quero trancar a sete chaves segredos com os quais não posso conviver. O que eu quero é poder acreditar nas pessoas sem ter de chorar depois, me olhar no espelho e dizer: como sou tola. O que eu quero é comprar e não me arrepender, é acreditar sem desconfiar. O que eu quero não é um mundo melhor, porque o mundo é o mesmo, o que mudam são as pessoas que o cercam, que o consomem, que o denigrem. O que eu quero é um dia poder me olhar no espelho e reconhcer minha alma limpa, sem ressentimentos. Pois a mágoa destrói sentimentos tão peculiares que poderiam ser expressos, porque a mágoa magoa e corrói. E a vida não pode ser corroída e depois simplesmente vivída, e depois simplesmente banida.

Não me conheço

Não me conheço mais. Não sei quem eu sou, muito menos quem eu quero ser. Não sei o que fiz, o que faço, ou o que quero, um dia, fazer. Não sei o que penso. Não enxergo mais meus pensamentos, não tenho mais acesso à eles. Não sei o que sinto. Não sei nada sobre sentimentos, muito menos sobre os meus. Não sei se já senti e se, alguma vez, senti algo...não sei o que. Não me conheço, não me lembro, não quero. Não quero mudar. Não quero me mudar. Mas não sei se, realmente, mudei. Não sei quem eu era, para saber quem eu sou. Não sei o que eu era para saber o que eu sou. Não sei se tinha amigos. Se tinha, não me lembro nada sobre eles. Não sei se tive amores. Hoje é simplesmente uma escuridão. Meu passado...meu presente. Eu não mais enxergo. Não sei se um dia eu pude ver. Não ouço e não sei se algum dia meus ouvidos tiveram alguma utilidade. Porém ainda sei escrever e tenho palavras na memória. Escrevo-as para um dia saber que eu, no passado, fui.

O vento

O vento corre, acaricia, machuca, o vento passa, o vento devasta, mas acima de tudo o vento carrega, tudo que vê , tudo que sente. Minhas lembranças, minhas imagens, minhas histórias, enfim, tudo o que está ao meu alcance, ele carrega. Muitos verões, muitos invernos, mas você sempre está lá, passando repentinamente, levando as folhas caídas, tristezas escondidas, lembranças amortecidas. Não importa o quanto pesa, ele sempre carrega, e por isso não me preocupo com pequenas preocupações preocupantes, porque eu sei que no fim, nada restará. Afinal, o futuro a você pertence, afinal, o futuro é a esperança de que tudo não passará de acontecimentos, engraçados, tristes, estranhos. Mas todos eles, você fará questão de carregar, em direção ao mar, horizonte, em direção ao nada, em direção ao infinito.

sábado, 6 de junho de 2009

Saudade do que passou

Saudade do que passou, saudade do que não vai voltar. Se a saudade um dia bate, é porque um dia algo marcou sua vida, não importa se foi por um milésimo de segundo ou se foi um momento tão intenso e surreal que as unidades definidas para expressarem tempo já não são suficientes. Aquele momento em que a pessoa amada partiu, e nosso mundo perde o rumo, nossas mentes já não tem objetivos, nossa respiração já não tem ritmo, e nossos olhares já não tem mais interesse em apreciar o simples fato de viver. O simples ato de viver passa a significar algo tão mais doloroso quando tudo o que temos é a vaga lembrança do que se foi, e não voltará. A angustia é parte do cotidiano agora, sinto que busco a reprodução daquele sentimento que um dia dilacerou minha alma e repentinamente mudou toda a concepção que eu tinha de intenso sentimento suave e eterno. Saudade do olhar que já não vejo, que já não sinto penetrar tão profundamente em mim a ponto de provocar a mais pura alegria. A dor de pensar que tua presença não mais posso ter, é capaz de tirar a cor do meu mundo, é capaz de furtar o sopro de vida de o meu simples agir. Dentro de um vazio de conclusões, dentro de um nó de pensamentos, minha alma se encontra: leve, mas densa, suspensa. Encontro seu reflexo, avesso. Desconheço sua identidade, mas lá você está imóvel, para sempre, perdido no meu limitado infinito. Espero que um dia o brilho do seu olhar, esse eterno símbolo particular para nossa singularidade reflita o nobre sentimento que existe ou existiu, inexprimível, inatingível. Mas nunca inexpressível, mas nunca vazio: apenas profundo, eterno enquanto sincero. Nossas vidas foram baseadas nessas ilusões tão boas, nossos atos espelhavam nós dois como um só, um todo inigualável. Tudo seguia um rumo, uma direção, e lá estava os nossos objetivos, seguir juntos, ainda que distante, ainda que cada um estivesse em seu próprio luar. Você pertenceu a mim, e eu a você, mas nunca nos apoiamos nessas conclusões que não são precipitadas, mas muito menos pensadas. Sua vida fez parte da minha, até mesmo quando seus voláteis pensamentos fossem perenes sobre alguma decisão que parecia tão bem baseada em nosso próprio mundo. Para sempre, no nosso destino mortal eu pertenci a você. Consumia-te com o meu brando e delicado olhar. A tua presença por incontáveis e inexplicáveis vezes me enobreciam, meus sentimentos eram profundamente apaixonados e eu podia sentir que por muito tempo eu também acabava influenciando intensamente o resultado final do seu dia. Mergulhados em nosso círculo vicioso estávamos. Pude sentir com tanta força seus toques premeditados e cautelosos em minha pele, que arrepiada ficava com a simples preposição que um dia voltaria a ser tocada por alguém tão doce. Nossas vidas se encaixavam perfeitamente e espero que não por acaso, pois o que havia entre nós não podia ser fruto de um singelo encontro não premeditado. Tudo o que acontecia nos envolvendo não ficava desgastado com o passar dos anos, apenas modificava-se, ficando ainda mais singular. Tenho certeza que você podia sentir minha respiração ofegante quando o meu sincero olhar te buscava com a vontade que eu jamais seria capaz de imaginar possuir. Por mim você dedicou atos que transbordavam de amor e que eu nunca seria capaz de reproduzir, pois ficaria perdida, enfraquecida perante o seu singelo sorriso. Se com as estrelas meus olhos tentem se fechar, sua face perfeita fica gravada em meus pensamentos inundados de instabilidade por possuir algo tão mágico. Costumava admirar cada linha e entrelinha que você carregava no seu corpo e mente. Não tirava muitas conclusões, pois ficava anestesiada por saber que algo daquilo supostamente me pertencia. Um dia espero que a sua magnitude seja pelo menos um pouco compreensível para mim e eu possa obter uma paixão ainda mais intensa do que um dia pude exprimir para e por você.
Posso apenas basear meu futuro dizendo-lhe que enquanto pertencer a esta realidade, cada segundo da minha existência será dedicada ao nosso amor.Você marcou minha vida a ponto de nossas almas rumarem sincronizadas, eu acreditava que éramos um só, pois nosso amor foi muito mais que linhas de um poema ou simples gestos de afeto, nosso amor foi fruto da mais pura, fiel e intensa relação.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Tristeza em Desamor

É o que eu sinto do meu peito. O que há de ser? Uma pequena garotinha sagaz, em um momento inoportuno demais. O que há de ser? Se duas pessoas que mal conhecem um ao outro, descobrem juntos um tesouro: o amor, obviamente, um sentimento despertado na dor de quem não sente.
O que acredito, o que vejo, o que desejo. Nem tudo é sempre igual, aliás, nada é igual.
É lhe dado um presente, um momento, um passado, ou quem sabe, um futuro, para ver novamente, o outro lado de quem não mente.
Não é preciso ser esperto, no entanto, para se dar conta do que acontece no despertar de um encanto. É um, é dois, nunca três ou mais, ou apenas um, jamais. É dois, duas pessoas, que se entregaram a uma nova, mas tão antiga descoberta.
São dias, horas infinitas, intermináveis, incontáveis, em que se escondem segredos, e negam mentiras; mentiras jamais contadas e nem se quer, um dia, pensadas.
São semanas, meses, anos em que se “produzem” diferentes sentimentos e forma de manifestá-los. Afinal, é de alguém odioso que se sente o ódio. E desde quando odiar é o certo? E desde quando as pessoas não fazem nada errado, infelizmente?
Será, que um dia, ao menos, poderemos viver, e não somente nos mantermos vivos e respirando? Diante de todos os acontecimentos e pensamentos rondando nossas mentes e nos deixando atordoados de tal forma que não conseguimos sentir? Sorrir? Risos? Desde quando isso pode ser sincero? Se é ou não é, pode ou não pode, deve ou não deve, tem ou não tem. Desde quando isso se tornou obrigação para se sentir, supostamente, feliz?

- As palavras dançam, rimam, satisfazem, ou não. Mas expressam o que o homem realmente quer dizer. -