quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Porta Entreaberta

Ele olhou, pela porta entreaberta, a dor dela sentada no chão. Apoiando seu queixo nos braços, e estes apoiados nos joelhos.
Sua angústia o atingiu. O desespero de se sentir só.
Via o esforço que ela fazia para ser forte e não derramar nem ao menos uma lágrima. É claro. Ele já devia imaginar. Ela não ia se entregar, assim, tão fácil, à dor.
Com tal simplicidade e leveza em seus atos, adentrou a porta, sem que ela percebesse. Parou ao lado dela, que só notou a presença do rapaz, quando este entrou na frente da luz que a iluminava fazendo com que uma grande sombra a engolisse.
O olhar dela, quando levantou sua cabeça, fez o coração do rapaz se apertar, e sua garganta arranhar, impedindo-o de pronunciar qualquer palavra ou onomatopéia.
Quando ela derramou a primeira lágrima daquela angústia, seus próprios olhos arderam e seu coração se encheu de ternura. Ele podia ver, também, através da dor, sua raiva, por fazê-la chorar. Ele apenas lamentou. Se abaixou para ficar a altura dela. Com as costas da mão, enxugou a única lágrima que salgava-lhe os lábios e gentilmente fez um carinho em sua bochecha, deixando-a levemente corada.
Ainda sem pronunciar qualquer palavra, ele se sentou ao lado dela, igualmente calada, e a abraçou, deixando-a manchar sua camisa com suas árduas lágrimas.
Percebendo a gratidão que ela sentia por não perguntar o porque desse choro, para ele, sem sentido, passou a mão em seus cabelos, e assim ficaram noite adentro.

1 comentários:

Anônimo disse...

muito bem feito e muito bonito o texto.. adorei o assunto e o seu jeito de escrever ! :)

Postar um comentário