domingo, 29 de junho de 2014

...

E do riso fez-se o pranto
...
E já não conto mais os dias
Perdi-me no espaço assim como no tempo.
Tateio cegamente no escuro. Tento levantar-me.
Há um vazio sangrento que me deixa presa ao chão imundo.

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Parasitando

  Observava de longe

  Ao se aproximar, criou raízes. Ali, encontrou um lugar propício para viver.
  Encontrou seu lar e sua morada.

  Os conflitos eram grandes e diários. No entanto, era ali a sua zona de conforto. Era regada por lágrimas e mantida pela dor. Esse era o seu alimento.

  Mandaram-na embora. Inúmeras vezes. A raiz estava fixa.
  A cena se repetia sempre que crescia, como parasita, novamente.

  E de novo. E de novo. E de novo

segunda-feira, 31 de março de 2014

Perpétuo Conflito

 
  A Guerra não acabou. A Guerra nunca acaba. A Guerra não acaba.
  Lutas e bombardeios. Ambos os lados fragilizados. Um mais que o outro. Um sempre mais que o outro. Um sempre quase perdendo. Um sempre quase humilhado. Um sempre quase morto. 
  O Campo de Batalha está destruído. Não há mais volta para ele. Não há mais conserto. Já não mais esperança. Não há nenhuma tentativa e erro. 
  O Campo de Batalha. Ele sim, perdeu a Guerra inacabável.

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Partes

  Seus olhos se assustaram com a claridade. Suas pupilas, acostumadas com o escuro, levaram um choque. Abriram a porta. Acenderam a luz. Colocaram abaixo as cortinas. 
  Seu mundo fora perturbado e invadido. Assustaram-na. Repeliu-os. 
  Como uma criança: gritou e esperneou.
  Levaram-na a força. Alegaram ser para seu próprio bem. E talvez era. Não ali. Não agora. Não nunca. Mas era. 
  Seus olhos ainda não se acostumaram. Quem sabe nunca se acostumarão.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Nota Precária

 
  Sou feita de lembranças e retalhos. Filmes em pedaços, descontínuos, estragados e queimados.
  Sou boneca de pano, mas me falta uma parte. Não me finalizaram. Falta-me um desfecho e um final.
  Minha memória é frágil. Nostálgica demais. Saudosista demais. Carente de um passado que não teve, Lembra-me do que nunca fui. 
  Sou feita de lembranças e retalhos. Restos, sobras e sombras.